domingo, 30 de setembro de 2007

Fortaleza do Buraco

Como encerramento do primeiro mês de pesquisas, o PE REDESCOBERTO resgata um patrimônio cheio de história e ao mesmo tempo esquecido e até desconhecido para muitas pessoas.

Estamos falando sobre a Fortaleza do Buraco, situada no istmo (cordão arenoso) onde ligava Olinda e Recife que nos proporciona uma bela visão do porto até a chegada do nosso destino, onde podemos desfrutar de uma deslumbrante paisagem dos arrecifes e dos diferentes rocamentos de contenção da maré, além de grandes navios ancorados e belas aves.

No ano de 1919 no governo de Manoel Antônio Pereira Borba, a Fortaleza do Buraco que por razões políticas territoriais, determinou limites entre os municípios de Recife e Olinda estabelecida por uma lei sancionada em 10 de junho do mesmo ano pelo Congresso Legislativo do Estado de Pernambuco.

A Fortaleza do Buraco está localizada ao norte do porto do Recife, próximo a Escola de Aprendizes Marinheiros. Conhecida também como Fortaleza de Santo Antônio, teve sua construção no início do séc. XVIII e foi tombada no ano de 1938 pelo Governo Federal.

Em 19 de janeiro de 1955 foi destombada a pedido do Ministério da Marinha, baseado no cumprimento ao decreto de Lei do presidente Juscelino Kubitcheck. Teve parte de sua estrutura demolida no ano de 1953 (antes do destombamento) e em 1958 com a destruição do Forte e construção dos novos cais, diques e prolongamento do porto.

No ano de 2000 os escombros da Fortaleza foram retombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Nos dias atuais este local que no passado foi de grande importância para o Estado, está abandonado e esquecido como citamos anteriormente, até mesmo pelo difícil acesso, sendo possível chegar apenas de barco e pela falta de incentivo governamental em divulgar o que temos de mais importante, a nossa história, e foi com esse objetivo que a equipe resgatou com muito orgulho mais um patrimônio cultural na memória de todos.

Osvaldo Ferreira
Prof. de História

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Turismo cultural em Brejo da Madre de Deus

O município de Brejo da Madre de Deus, localizado na região do Agreste pernambucano, a 192 km do Recife, além de possuir vários atrativos naturais também se destaca por seu potencial para o turismo cultural. E se engana quem acha que esse potencial se limita à Paixão de Cristo de Nova Jerusalém! A cidade conta com inúmeros atrativos que vão desde prédios tombados pelo patrimônio histórico até sítios arqueológicos e monumentos.

No distrito de Fazenda Nova encontra-se a cidade-teatro de Nova Jerusalém, maior teatro ao ar livre do mundo onde todos os anos é realizada a exibição da Paixão de Cristo. Este evento possui repercussão internacional atraindo anualmente milhares de turistas durante a semana santa. Além da exibição da Paixão de Cristo é realizada no local a encenação da peça “Noite Feliz” durante o natal. Na Pousada da Paixão, localizada dentro do teatro encontra-se o Museu Plínio Pacheco que foi o responsável pelo início das obras de construção de Nova Jerusalém.
Mas Brejo da Madre de Deus vai além da Paixão de Cristo. Próximo a Fazenda Nova existe o Parque das Esculturas Monumentais Nilo Coelho, tombado a nível estadual e que conta com peças esculpidas em granito representando personagens típicas da cultura nordestina feitas por artistas da região. Localiza-se em Fazenda Nova.



Na sede da cidade encontram-se vários edifícios e prédios históricos que se destacam por sua tipologia e arquitetura. Entre esses as igrejas, o casario do século XIX e alguns edifícios isolados chamam bastante a atenção por sua beleza, sendo alguns tombados pela FUNDARPE (inclusive o próprio sito histórico da cidade). O casario pode ser observado em várias ruas com seus azulejos portugueses nas fachadas e coberturas em telha colonial formando um belo cenário que remete o visitante ao final do século XIX.





O edifício de maior destaque na cidade é a Casa da Câmara e cadeia, construída em 1845 pelo engenheiro francês Louis Valthier, autor de obras importantes na capital como o Teatro de Santa Isabel. Brejo conta ainda com o Museu Histórico instalado num sobrado do século XIX revestido de azulejos contendo um rico acervo com peças que contam a história da cidade como utensílios do período colonial e imperial. Esse museu conta ainda com um acervo arqueológico e paleontológico composto por fósseis de animais pré-históricos e evidências do homem pré-histórico.



Entre as igrejas, a Matriz de São José se mostra imponente na paisagem, localizada num ponto alto da cidade e construída em 1792 em estilo barroco. Já a Igreja do Bom Conselho localiza-se na praça de mesmo nome e foi construída em 1868. E há ainda a Capela da Mãe Rainha situada no alto de uma colina onde se tem uma bela visão panorâmica da localidade. Foi construída em novembro de 1990.



Mas Brejo da madre de Deus tem ainda muita história pra contar. Com 18 sítios arqueológicos o município se destaca pelo seu grande potencial para o turismo voltado para esse segmento. Brejo conta com 3 cemitérios indígenas, entre os quais a Furna do Estrago é o mais importante e conhecido pois neste sítio forma encontrados 83 esqueletos registrados pela equipe de arqueologia da Unicap. Esse esqueletos remontam a idade de 2 mil anos e foram encontrados em posição fetal. Além dos cemitérios pré-históricos o visitante poderá conhecer também sítios de pintura rupestre como a Pedra da Lua (no caminho entre Fazenda Nova e a sede da cidade), Pedra do Letreiro, do Caboclo, Pedra grande do Horácio e próximo a própria Furna do Estrago. Essas pinturas contém representações do modo de vida do homem pré-histórico como festa, rituais, cerimônias e atividades cotidianas.





Assim, o município de Brejo da Madre de Deus revela um imenso potencial a ser explorado pelos turistas interessados em enriquecer seus conhecimentos e aprender mais sobre nossa cultura, tanto de épocas recentes como a cultura de épocas longínquas. É importante que todos saibam que Brejo da madre de Deus tem um espetáculo cultural maior a oferecer, além da Paixão de Cristo!

James Davidson

domingo, 16 de setembro de 2007

PE Redescoberto no Brejo da Madre de Deus – PE

No dia 01 de setembro de 2007 saímos do Recife em direção ao município de Brejo da Madre de Deus, com o objetivo de acompanhar as caminhadas em duas trilhas, a da Serra do Ponto no primeiro dia e à da Mata do Bituri no segundo dia, para tanto nos empenhamos em realizar um levantamento fotográfico para subsidio do trabalho de mapeamento da trilha em conjunto com a FAFIRE.


O município visitado está situado no Agreste Central de Pernambuco, do qual limita-se ao sul com os municípios de Belo Jardim, Tacaimbó e São Caetano, ao leste com Caruaru, ao norte com Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe e a oeste com Jataúba, suas nascentes e vertedouros são constitutivos da bacia hidrográfica do rio Capibaribe com nível base localizado ao norte do município.

Geograficamente salientamos neste município o próprio nome que faz alusão a um brejo
[1], evento geomorfológico onde se encontra a sede municipal. Semicercado por paredões rochosos das serras do ponto e da prata, promontórios que nos permitiu escalada no caminho em busca do objetivo principal, chegar à cota de maior altitude do município, a pirâmide.

Este monumento construído como marco de georeferência do ponto geodésico para um mapeamento estadual, fica em um limite da altitude da trilha caracterizando um interflúvio.A trilha apresenta importância histórica por ter sido realizada pelo engenheiro Louis Vauthier em sua estada a Pernambuco, que aqui estava para construção do mercado de São José e dos neoclássicos edifícios do palácio do campo das princesas e teatro de Santa Isabel por ele projetados. Ao realizar incursões pelo interior, o francês percorreu estas paragens o que nos faz aludir a necessidade de oficializar esta trilha pela sua beleza ambiental e importância histórica.

[1] Brejo - para o dicionário Geológico e Geomorfológico do IBGE significa "terreno plano, encharcado, que aparece nas regiões de cabeceira ou em zonas de transbordamento de rios".


Após apreciar o arruamento da cidade de Brejo em várias escalas e sua beleza vista a partir dos inúmeros mirantes temos uma visão única de toda malha urbana e em dia claro como estava avistar-se muito distante os municípios vizinhos de Santa Cruz do Capibaribe, Taquaritinga do Norte na serra da Taquara, o delineamento paraibano, a serra do Cachorro em São Caetano, a serra dos Cavalos em Caruaru e o delineamento de Pernambuco divisor de águas entre a bacia dos rios Ipojuca e Capibaribe.



Uma parada providencial para alimentação do grupo à sombra de uma mangueira em pleno cafezal foi bem vinda. Salientamos então os terraços em curvas de níveis construídos com muros de rochas empilhadas a permitir o plantio do café nesta altitude em terreno com aclive de 45º de ângulo.

Ao subir a encosta da serra do Ponto é didático observar, o distanciamento da semiaridez deixada nas cotas inferiores do município do Brejo, a percepção da mudança da temperatura que se torna amena e o aumento da umidade, conseqüentemente a paisagem é outra.

A beleza da exuberante vegetação de porte denso é representada por espécies higrófitas de Mata Atlântica como a imbaúba, de espécies hipoxerófitas da Caatinga como o tamboril e uma infinidade de orquidáceas e bromeliáceas destacando o popular cirtopódio e a macambira respectivamente.



Em plena encosta das rochas se instala a produção agropecuária, hora com o plantio do café, árvores frutíferas, milho e macaxeira, como também a pecuária bovina, caprina e culturas de subsistência.


Grande é a destruição da vegetação nativa formadora de nascentes tributárias de inúmeros mananciais, o que nos faz salientar a irregularidade e impensada ação de produzir em cotas de afloramentos rochosos acima dos oitocentos a mais de mil metros de altitude, comprometendo a retenção de umidade para suprir os riachos perenes dependentes deste sistema de barlavento que sem a vegetação nativa verte em forma de enxurradas carreando a fertilidade e a manutenção dos recursos hídricos do município, tornando-os desta forma intermitentes quando são perenes.

Marcante foi na descida da vertente ao vale do povoado de Amaro observar um grande polígono de desmatamentos, onde sem a vegetação está comprometendo a manutenção do solo, a retenção de umidade como também a manutenção da biodiversidade, este ambiente apresenta ravinamentos prestes a instalação de voçorocas.


A comunidade que vive no Amaro é basicamente constitutiva de duas famílias que trabalham na agropecuária orgânica, produzem, milho, feijão, morango e gado bovino.

No segundo dia fizemos a trilha da Mata do Bituri, que se enquadra no Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC como Reserva Particular de Preservação Natural - RPPN, de propriedade da família Amorin.




Nesta reserva conhecemos alguns pontos pitorescos, a casa grande e a senzala (em ruínas), a trilha em mata fechada, as inúmeras levadas que cortam a estrada, a casa da Rita (que tem uma peculiar história), a casa de farinha, o mirante com a exuberante mata que abriga exemplares de árvores com troncos de mais de um metro de diâmetro em cotas acima de 800m de altitude. Impressionante a presença de flores, aves nativas, insetos de variadas espécies, lianas, fungos e liquens de cor laranja avermelhadas bioindicadoras de ótimo ecológico presente na região.

Salientamos também sinais de retirada ilegal de madeira, ao perceber árvores derrubadas irregularmente apresentando raízes escoras cortadas manualmente, clareiras abertas, copas desmatadas, caules totalmente desnudos e a presença de caminhos possivelmente escoadouros da madeira saqueada.

A mata do Bituri urge por um acompanhamento de fiscal permanente da Companhia de Policiamento do Meio Ambiente da Polícia Militar de Pernambuco - CIPOMA, de monitoramento da Companhia Pernambucana de Meio Ambiente - CPRH e de vistoria da Empresa Brasileira de Meio Ambiente - IBAMA, devido à ausência da possibilidade de manutenção desta reserva, pela distância da cidade e da sede da fazenda, como também das condições de manutenção ser onerosa alegada pelo proprietário.

O município de Brejo e os demais do entorno devem se juntar para realizar uma política coesa na direção do equilíbrio ecológico das matas existentes, a permitir substituição das destruídas, principalmente daquelas altamente impactadas que faz aflorar a rocha do paredão da serra, cena observada a partir do mirante olhando para o terreno vizinho com presença de pasto e sinalizar na direção do turismo ecológico.

A atividade do Turismo presente no município em sua versão cultural tem nas modalidades: ecológica, arqueológica, geoturística e de aventura, tributários, se seriamente empreendidos, pode ser uma forma de gerar recursos financeiros para a localidade e garantir manutenção da biota local, através da educação ambiental realizar treinamento de condutores, mateiros para levar pessoas ao interior da reserva e acessar ganhos para a comunidade onde serão agentes do produto de seu município.

Com a freqüente presença de pessoas no interior da mata, dentro de uma capacidade de carga, ocorrerá sistematicamente uma fiscalização da reserva. Ao ter consciência dos cuidados com a natureza, a população do entorno compreenderá melhor a importância da conservação porque se sentirá envolvida nesta busca não ficando unicamente a cabo do proprietário a difícil missão conservacionista, mas existirá para uma cadeia maior de pessoas do entorno o benefício principalmente à consciência ecológica.


Contudo aborda Milton Santos, a utilização racional ocorrerá o uso produtivo do espaço, diferentemente deste que está ocorrendo por ele denominado consuptivo, que promove saques na mata do Bituri comprometendo a biodiversidade para as gerações futuras, assim concluímos: Será que as gerações vindouras dos Amorim vão ter a mesma consciência que tem os proprietários atuais em manter a reserva?

Professor Jorge Araújo