domingo, 27 de janeiro de 2008

Uma rica história no Engenho Camaragibe

Por James Davidson



O Engenho Camaragibe localiza-se no município de mesmo nome e é um dos principais atrativos turísticos dessa cidade. Em 1545 o donatário da Capitania de Pernambuco Duarte Coelho de Albuquerque doa uma carta de sesmaria a Diogo fernandes que, em 1549, levantou o Engenho Camaragibe. Pertencente a freguesia da Várzea, era localizado nas margens do riacho Camaragibe, afluente do Rio Capibaribe, cujo nome significa "rio dos camarás" na língua tupi. Camarás é uma espécie de planta conhecida popularmente como chumbinho.



Diogo Fernandes era cristão-novo (judeu convertido à força ao catolicismo) e foi casado com Branca Dias, também judia e acusada pelo tribunal de Inquisição como suspeita de práticas judaizantes. Com um ataque dos índios em 1555, o engenho que só possuía os canaviais e a casa-grande, foi destruído, sendo reconstruído em 1563 com a ajuda de Bento Dias de Santiago (outro cristão-novo). Com a morte do marido entre 1563 e 1567, Branca Dias assumiu o engenho cuja casa-grande possuía um oratório dedicado a San Tiago. Por isso o engenho era também conhecido como Engenho de San Tiago.




Branca Dias teve vários filhos e foi uma das pioneiras na educação feminina em Pernambuco ensinando as mulheres a fiar, costurar e bordar. Acusada pela própria mãe, foi levado ao tribunal de inquisição, sendo que não chegou a ser condenada. Continuou sendo perseguida e suspeita, mesmo após a sua morte, pois os católicos não aceitavam que os corpos de "hereges" ficassem sepultados em suas igrejas.




Com a invasão holandesa o Engenho Camaragibe ficou destruído e no século XIX, em visita a Pernambuco, o inglês Henry Coster afirmou que o Engenho Camaragibe era um dos mais importantes da região. Hoje, o Engenho Camaragibe possui ainda a casa-grande com um oratório em seu interior, a fábrica ou moita e uma vila de casas. Situada ao lado do Parque Camaragibe, a casa é conhecida como "casa de Maria Amazonas" por ser esta sua atual proprietária. A casa original foi completamente reformada sofrendo sucessivas alterações, mudando inclusive a fachada frontal. A atual casa possui estilo eclético do final do século XIX. É tombada a nível estadual pela FUNDARPE.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Monte dos Guararapes, Muribeca, Serra da Macambira

O PE Redescoberto vem mostrar hoje as belezas de Jaboatão dos Guararapes onde praticamente não existe distância entre o município e a cidade do Recife, faz divisa com as cidades de Moreno, São Lourenço da Mata e Cabo e é formada pelos distritos de Cavaleiros e Prazeres.


Nossa primeira parada é no Montes dos Guararapes, palco das batalhas entre luso-brasileiros e holandeses no séc. XVll, tendo como resultado a expulsão dos holandeses do território Pernambucano motivo pelo qual a cidade é conhecida hoje como o berço da pátria e que deu origem ao Exército brasileiro local onde também está situado o Parque Histórico dos Guararapes.


As batalhas tiveram como seus principais precursores:

João Fernandes Vieira (comandante)

Felipe Camarão (representante indígena)

André Vidal de Negreiros (responsável pelas tropas vindas do interior)

Henrique Dias (filho de ex-escravos e um dos principais combatentes)

Antonio Cardoso (combatente especialista em emboscadas)

O primeiro nome da cidade era apenas Jaboatão, palavra de origem indígena “Yapoatan” nome oriundo de uma árvore da região, e após a batalha o nome passou a ser Jaboatão dos Guararapes.


Nossa segunda parada é na Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, erguida em meados do séc. XVII é o símbolo da conquista entre portugueses e brasileiros contra os holandeses. Sua fachada arenítica apresenta conchas e pedras dos arrecifes e no seu interior azulejos vindos de Portugal.



Da Igreja de Nossa Senhora do Prazeres seguimos para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos de Muribeca, e visitamos os escombros da Igreja de Nossa Senhora dos Homens Pretos.





Passamos ainda pelo engenho Macujé onde está situado o riacho Suassuna até chegarmos a Colônia dos Padres Salesianos e a serra da Macambira onde terminamos nossa aventura com uma belíssima paisagem que nos presenteou com uma natureza exuberante!



Osvaldo Ferreira
Prof. de História

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Matriz da Luz


O povoado de Matriz da Luz ou Nossa Senhora da Luz é o 2° distrito do município de São Lourenço da Mata e situa-se a alguns quilômetros a oeste do centro dessa cidade. Localizado em uma colina que serve de divisor de águas entre as bacias do Rio Capibaribe e do Rio Jaboatão, o povoado de matriz da Luz é cercado por antigos engenhos de cana-de-açúcar e canaviais, o que dá um ar bucólico ao local. Seu nome deve-se a igreja principal do povoado que está sob a invocação dessa santa.


Segundo o historiador Pereira da Costa, a Igreja de Nossa Senhora da Luz, erguida inicialmente como capela, já existia em 1540 como consta de um documento de demarcação de terras. Sendo assim, levando em consideração as igrejas que ainda estão de pé, ela seria uma das mais antigas de Pernambuco e do Brasil. A povoação cresceu em torna da capela e, segundo documentos do período holandês, ela era conhecida como Povoação da Muribara e, assim como em toda região vizinha, era muito rica em pau-brasil. Hoje, além da Igreja de Matriz da Luz, o povoado conta com a Igreja de Nossa senhora dos Homens Pretos, de data posterior.




A Igreja de Matriz da Luz sofreu várias ampliações e modificações ao longo do tempo. Por isso é possível constatar nela elementos arquitetônicos típicos de vários períodos, sendo difícil situá-la em um estilo único. Porém, percebemos elementos clássicos em sua fachada. Seu interior é simples e segundo informações fornecidas pelo responsável pela igreja alguns elementos originais foram retirados. Apesar disso, há ainda uma pia batismal do século XVI e seteiras na parte posterior da igreja o que indica uma função secundária de "forte". Ainda segundo informações fornecidas, na última reforma foram encontrados esqueletos dentro de uma das paredes que provavelmente eram de pessoas importantes da região. Sua torre sineira fica no lado esquerdo.
No outro extremo do largo principal do povoado encontra-se a pequena Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Pertencente à irmandade dos pretos, provavelmente foi construída por estes para a realização de seu cultos. Ela é muito simples tendo passado por uma restauração no ano de 2007. Seu interior é modesto com altar-mor e teto sustentado por tesouras de madeira.



No entorno do povoado, encontram-se ainda vários engenhos como o Tapacurá(tombado a nível estadual), o Curupaity, Pixaó, São José, Colégio, Muribara, entre outros. Alguns destes possuem ainda suas casas-grandes e outros componente típicos de um engenho. Mas devido a nossas limitações não pudemos visitá-los. A Igreja de Matriz da Luz é tombada pela FUNDARPE e seu entorno já sofreu alterações não previstas como a edificação de mais de um pavimentos nas casas e alterações nas fachadas. Poucas são as casas que conservam suas características originais no povoado.


O PE_REDESCOBERTO visita mais um lugar interessante e pouco conhecido no nosso estado. Matriz da Luz é uma ótima opção para a realização de um turismo cultural e para quem quer fugir do stress de uma grande cidade como o Recife! E o melhor: a poucos quilômetros da capital de nosso estado!



Por James Davidson

Praia Del Chifre

A praia Del Chifre está localizada entre Recife e Olinda próxima a um quartel da marinha e das residências militares. A isso se deve o nome, pois, quando os maridos, marinheiros e oficiais viajavam, as esposas os traiam, que no jargão popular significa colocar chifres. O nome então pegou e a praia é linda, uma área que seria ótima para o lazer e o turismo, estando ali bem perto às ruínas do antigo forte, conhecido como Fortaleza do Buraco. Além da vegetação constituída por manguezais e restingas.


A restinga é uma formação vegetal ocorrente em praticamente todo o nosso litoral. Trata-se de uma vegetação nativa em solos arenosos e salinos que evolui de espécies forrageiras, até grupos arbóreos e arbustivos de maior porte; além de apresentar diversificada fauna e flora nativas. Transição entre as dunas, onde se inicia, e as matas, a restinga tem normalmente como um de seus limites naturais, o interior do continente, a mata Atlântica com maior variedade de espécies e extrato arbóreo mais volumoso.

No entanto, o acesso à praia Del Chifre é um tanto perigoso por passar pela comunidade do Maruim, além, de estar visivelmente poluída e, portanto inapropriada ao uso. O rio Beberibe desemboca em oceano aberto na praia, levando todo o lixo jogado nele. Pode-se encontrar de sapato a garrafas Pet ou de vidro. Portanto, os problemas que envolvem o meio ambiente, não estão só ligados à questão da saúde da população. Nesse caso, afetam um dos ecossistemas mais delicados do planeta, e que aqui é considerado essencial, pois dele dependem várias pessoas para sobreviver e representa um quadro de inspiração para muitos de nossos artistas. Trata-se dos manguezais. Não é à toa que a expressiva cena artístico-musical contemporânea de Pernambuco, uma das mais ricas surgidas no país na última década, denomina-se Movimento Mangue, e tenha como principal símbolo o músico e compositor Chico Science, olindense que sempre se mostrou antenado na cena cultural e social da cidade. Conta-se até, que era lá onde Chico Science e seus amigos surfavam e que a paixão pela praia Del Chifre se transformou em música, Del Chifre's Beach, fechando o disco: Nação Zumbi Rádio S.AMB.A.





O PE_Redescoberto não quer só mostrar a beleza do nosso Estado, mas também mostrar nossa indignação pelos problemas ambientais. Pois o lazer é um direito de todos e a praia, sendo um espaço público, não pode ser transformada em um aterro de lixo.




Por Leonila Acioly